domingo, 30 de março de 2008

A senhora emancipada



Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.


Clarice Lispector


Reconhece-se na sua obra e consequentemente na sua pessoa, uma mescla de fragilidade, determinação, vontade, receio, ambição, avanços, recuos... Como se o contrasenso pudesse habitar numa só alma, sendo isto perfeitamente normal. Resta-me a pergunta - E não o é?
O que importa: Adoro Clarice Lispector! É a perfeita representação de tudo o que a Mulher é. Ou deveria ser!

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