quinta-feira, 27 de março de 2008

Já não se morre de amor...

O senhor tem um problema no coração” diz já o doutor (…) O seu coração está muito fraco e isto é a sala de operações”, disse-me enquanto pegava numa espátula. “Você está a morrer de Amor, é maligno, lamento dizer-lhe que não lhe resta muito mais tempo, que não existe cientificamente cura para o mal de que padece. Não é o único, não será o único e só as radiografias que lhe vou tirar poderão dizer-me quanto tempo lhe resta. (…) “Afinal estava enganado, não é desta que morre, você tem cura, não há a menor dúvida, está tudo aqui, nas radiografias que lhe tirei ao coração. E no fundo era tão fácil, ao alcance de qualquer olhar, repare bem nelas, observe-as e diga-me o que elas dizem .E então, nesse preciso momento, peguei nas radiografias que tinham tirado ao meu coração e estiquei os braços em direcção ao sibilante fio de luz que entrava pela única janela do meu quarto, reparando agora com toda a clareza, que no meu coração, estava inscrito um nome, o teu, em letras muito pequenas.

Fernando Alvim

in No dia que fugimos tu não estavas em casa.


... mas há alturas em que parece que vemos mesmo a morte de perto. Chamar-se-á a isso saturação?

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