Ladies and Gentlemen, the woman you came to see...

CAT POWER

Com 30 minutos de atraso e envolta numa aura de mistério, eis que ela entra. De preto, cabelo apanhado, despretensiosa mas sempre bonita. Não foi preciso muito para se verificar o poder da gata.

Benze-se... continuamente. Canta e não deixa espaço para que alguém a acompanhe. Ninguém se atreveria também porque só a sua voz, serviu para encher todo um Coliseu.

É caso para dizer que Chan Marshall redimiu-se de vez! Depois dos concertos de 2004 em Matosinhos e de 2006 na Aula Magna, qualquer má memória de que dela pudesse restar, foi definitivamente apagada. É um animal stage, e qual gata qual quê, é a verdadeira hiena. O facto é que brilhou!

Em pouco mais de duas horas não se desfilaram apenas canções, em cada uma delas houve entrega e paixão. Arrisco dizer que ela personaliza cada tema de cada vez que os interpreta. Dá-lhe com a alma, envolve-os em magia e muito alcóol.

E num obrigado quase perfeito, limpo de sotaque, lá vai agradecendo. É assim que se fabricam divas...

Com momentos como o "where is my love", "the greatest" ou "living proof", a pouco e pouco foi-se caminhando para o êxtase. Houve ainda lugar para outras grandes improvisações como o "i can't get no satisfaction" dos Rolling Stones, ou aquela em que introduz a sua nova música: "Angelitos Negros".

O melhor guardou-se para o fim. Lança a pergunta: how do you say turn on the lights in portuguese? - não foi preciso aprender porque acedeu-se rapidamente ao pedido e é então que, com as luzes todas do coliseu ela desce e mistura-se com o público dizendo: i've been loving you. Nesta altura que uma sala inteira cai a seus pés, rendida. Ninguém lhe ficou indiferente. Ao meu lado na plateia havia muito boa gente emocionada e eu também, não fui excepção.

Foi a última canção que tocou, a banda fartou-se mas ela não esmoreceu. Ficou ali, uma infinidade de tempo, a mandar flores e papéis, partilhando a moca com o público mas mesmo assim, a idealização foi atingida.

Então para ti Chan Marshall (e em linguagem gestual):

We love you too!!*

*ou quando os encores não são necessários.