terça-feira, 27 de outubro de 2009

Por Fernando Alvim, na edição de hoje do Metro.

"Existe um lobby em relação à subserviência que é pior do que todos os outros lobbies. Um lobby implica sempre algum talento por parte de quem o pratica, mesmo que seja tráfico de influência, armas ou dentes de marfim.
Um lobby pode ser um criminoso bom, uma série onde os maus são os heróis, olhem os “Sopranos”, olhem o “Dexter”, olhem um lobby ali. Daí que quando bem feito, possa ter a admiração de todos, como um pénalti marcado a 5 minutos antes do final do jogo, quando o Benfica precisava tanto, meu Deus.
Mas não, o lobby da subserviência não tem ponta de talento, limita-se a cumprir ordens, a citar frases dos outros, a dizer que sim a tudo: “sim chefe, claro chefe, com toda a razão chefe”.
O subserviente não tem ideias, quanto muito as suas ideias são o absoluto apoio às ideias da entidade patronal, essas sim muito boas. E o melhor de tudo, é que os patrões gostam mesmo. É melhor escolher alguém que nos diz sim a tudo, do que outro que possa eventualmente ir contra a nossa opinião e pior do que tudo – ter ideias. Os patrões não gostam de ideias, gostam, isso sim, que ajudem a executar as suas que são obviamente as melhores.
E assim, toda a espécie de subservientes está a chegar ao poder para grande consternação dos que ambicionam mudar alguma coisa. E não obtendo nunca o respeito de quem lidera, não conseguindo fazer uma única jogada que possa levantar um estádio, não dando uma única ideia que nos pareça original e vencedora, os subservientes ali se mantêm, dizendo sim a tudo, lambendo as botas de todos, não emitindo uma única opinião fracturante, levando a empresa a ficar tão desmotivada e frustrada quanto eles.
Até um dia: o dia em que obviamente serão substituídos por um subserviente tão bom ou melhor do que eles."


E disse tudo.

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