quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Hoje não vou a tempo


"Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã

levarei amanhã a pensar

em depois de amanhã

e assim será possível,

mas hoje não hoje nada, hoje não posso...

A persistência confusa da minha subjectividade objectiva,

sono da minha vida real,

intercalado, o cansaço antecipado

e infinito...

Tenho já o plano traçado, mas não,

hoje não traço planos

amanhã é o dia dos planos,

amanhã sentar-me-ei p’ra conquistar o mundo,

depois de amanhã

Amanhã te direi as palavras,

ou depois de amanhã

sim, depois de amanhã

Amanhã te direi as palavras, ou depois de

amanhã

sim, depois de amanhã

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã

levarei amanhã a pensar

em depois de amanhã

e assim será possível,

mas hoje não hoje nada, hoje não posso...

não posso..."


Para um Poema (excertos do poema Adiamento de Álvaro de Campos)

COLDFINGER

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